por Solange Sólon Borges |
Quem falou de primavera sem ter visto o teu sorriso, falou sem saber o que era... Cecília Meireles
Você me dá uma pequenina caixa de presente que desembrulharei depois, pois quero sentir o tremor da espera e da surpresa. Porque amor é hipnose. Sabe o quanto gosto dos objetos minúsculos que encerram mundos: “as estrelas não temem parecer vaga-lumes”, alertava Tagore. E passo então tardes inteiras desenhando brevidades e canteiros, pois plena de amor a tudo vejo com clarividência, inclusive os vaga-lumes. A vida é mágica entre heras vigorosas. Tudo o que plantei brota nessa metáfora de mudança assombrosa: as flores saltam para a luz tecendo delicados bordados adejados por asas coloridas. Os girassóis se abrem por inteiro e posso respirar cores vibrantes e o cheiro da terra que sobe ávido após a chuva rápida que a tudo encharca. Meus desejos são caudalosos e nos reconhecemos por aromas e olhares, fundamentos que entregamos um ao outro para que não haja dúvidas e pontes. Os arredores ensolarados do seu corpo traçam retas seguras dentro do círculo perfeito onde me abrigo. Quero adormecer após o movimento cíclico das ondas do amor. E esse privilégio não é meu, é nosso. |
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
PRIMAVERA
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